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2 de novembro de 2020

FADAS

 Nei Duclós 


Leio o verso sem vínculo

Ou raízes 

Como criatura unicelular

Verso sem sentido 

Madeira com verniz sobre nuvem que não existe 


Talvez essa poesia tão difundida 

Seja fruto da falta de tudo

Que assola as palavras

E portanto, a vida


O oposto é  o poema formiga

Seguido pelo olhar em decúbito dorsal

Negação do épico e do lírico

Ou arcádico 

Como se toda poesia já feita fosse perda de tempo

E curte tomar assento na baliza

Vanguardas de abismo 


Um só soneto antigo

Pode desbastar o mofo que medra na pose supimpa

Ou um verso mínimo 

Daqueles que derrubam

Por não ter frescura , apenas ofício duro

Forja que não dispensa a fagulha que alimenta as fadas


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