Custo a acertar a embocadura
Repito o gesto até chegar à meta
Aperfeiçoar o detalhe, cumprir o rumo
Olhar à distância para ver se é certo
Aproximar o olho no fiapo solto
Luzir a madeira para que se transforme
Carpir o lote que pedia arado
Deixar de lado ao receber visita
Ao insistirem na mesma pergunta
Responder que isso é apenas um rascunho
Pois com a idade já perdeste o jeito
Não te diz respeito mais a oficina
Aposentado não costuma ficar de banda
Difícil será explicar porque o arrulho
De um pássaro em teu ombro algo anuncia
É que Deus está vendo o disfarçado oficio
E aguarda o poema, sentado na varanda
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