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25 de fevereiro de 2018

GANHAR TEMPO, EM LUCIEN FEBVRE



Nei Duclós

Depois de ler mais de 400 páginas de Michelet e a Renascença, de Lucien Febvre, exponho aqui por itens minhas impressões, para resumir o que aprendi do grandes mestre da Escola de Annales, que revolucionou a História junto com Marc Bloch:

A História não muda por rupturas, mas por continuidades que chegam a pontos limite. Uma sequência que se esgota e abre a guarda para um salto, em que a nova situação não se opõe à antiga, mas carrega dentro de si os principais elementos herdados da fase anterior. A humanidade não dorme por longos períodos, sempre há a presença da vida entre os protagonistas que movem a História.

A Renascença é uma criação do gênio de Michelet, um protagonista de uma geração de autodidatas que na França precisava criar uma tradição depois de décadas de guerras e de ruínas. Ele transformou as múltiplas manifestações renascentistas, já detectadas por vários autores, num conceito denso, que virou cânone e que hoje esquecemos dessa sua origem de tão consolidado que ficou.

A contribuição de outros autores, como Stendhal e Étiènne Delécluze, não foi de historiadores especialistas, mas de grandes observadores, sensíveis e cultos, que ousavam pontificar sobre o que viam, especialmente o grande choque cultural da realidade italiana na mentalidade dos franceses exaustos da guerra. Lucien Febvre chama a atenção que não é uma apropriação francesa da cultura italiana, mas o impacto que essa cultura estrangeira gerou entre os autores franceses viajantes.

O historiador tem a responsabilidade de  enxergar a sociedade e os acontecimentos de maneira completa, sem cair em armadilhas do simplismo, da percepção viciada. Lucîen Febvre varre a literatura histórica sobre a Renascença e encontra sempre os mesmos defeitos. Por isso destaca o papel fundamental de Michelet, o grande autor da Revolução Francesa e o criador do conceito de Renascença dentro da diversidade das datas, das inúmeras fontes que deságuam na retomada criativa da cultura clássica e no resgate da importância cultural de uma época desprezada, a Idade Média.

Mais não digo por enquanto. Ganhei tempo lendo este livro, lançado em 1995 pela Scritta.


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