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28 de agosto de 2017

SEM DONO



Nei Duclós

Estavas só, na noite coletiva
Das ruas sem conforto e as casas de amianto
Com o radio sintonizado no ruído
Eco da primordial explosão do mundo

E ouviste o sereno caindo sobre o teto
Num arrepio de frio vindo do cosmo
E quase sem perceber viste meu canto
Assobio de anjo que buscava um rosto

Eram poemas, egressos de um conflito
Onde foram elaborados por crianças
E vieram rolando, quase já sem forças
E cercaram teus pés, como num sonho

Estavas só, mas pertencias
A uma nação, teu coração sem dono


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