Nei Duclós
Quando cheguei aos poemas de Outubro, a partir de 1969, já
vinha de longo exercício poético desde 1957, quando acabara de completar 9 anos
de idade. Foi importante expor essa fase anterior da minha poesia para os
colegas da faculdade da Ufrgs. Era o que eu tinha para mostrar. Mas ao colocar
no mural alguns trabalhos por muito tempo acalentados na solidão do interior ou
mesmo antes de entrar para o Curso de Jornalismo, notei a reação dos colegas,
deixando claro que eu tinha muito chão pela frente antes de fazer algo
significativo.
Isso me amadureceu rapidamente, principalmente quando tomei
contato com a grande poesia nacional e estrangeira, dos modernistas brasileiros
e todo o resto, de Cabral a Bandeira, de Drummond a Cecilia, impregnando-me
também de Fernando Pessoa e Garcia Lorca, de Maiakovski e Brecht, e tantos
outros. Foi uma revelação. O plus foi a transgressão do concretismo e da
praxis, seus poemas, traduções e textos teóricos.
Encontrei então minha própria voz, a partir dessa fricção
entre meus sonhos anteriores e o impacto da sonoridade da poesia maior. Nada
tinha a ver com o engessamento acadêmico que vigorava nos cadernos culturais
próximos (o caderno B era inacessível para um estudante sem recursos e longe
das grandes capitais). Considerei então um ato de criação que trazia a voz das
ruas para a poesia trabalhada com os avanços contemporâneos. Algo novo, mas
ousando ter um tom clássico, sem ranço novidadeiro.
O livro Outubro, lançado 7 anos depois, em 1976, é a síntese
e porta de entrada dessa nova identidade poética que acompanhava as tendências
de uma época de mudança. A segunda edição, comemorativa dos 40 anos de
lançamento, está na gráfica, com previsão de lançamento em outubro. Muita gente já adquiriu o exemplar e fez o depósito,
apoiando a iniciativa do autor-editor. Junte-se a nós, participe. Escreva pelo email neiduclos@gmail.com ou use este botão do
pagseguro. https://pag.ae/bddhn3r
Outubro veio para ficar. A edição está linda demais. Cada
exemplar custa R$ 50,00, com frete incluído.
Nenhum comentário:
Postar um comentário