Nei Duclós
Ficaste preso no tempo
como nos espinhos um lenço
que se desprendeu do corpo
que cruzava o deserto
Deixaste lá a pista, tu mesmo
que ninguém visita, memória
violenta que produz
o choro sem remédio
No fiapo de pano bate o vento
e o sol que cresta a fibra
não revela a passagem
da tua obra hoje oculta
Não pertences mais ao mundo
coração tão próximo e distante
ficaste na estação avulsa
de onde acenas
És o último alento no ninho
que um pássaro conduziu
reduzido a trapo no voo
que se esconde
Que vida nos reserva quando há
essa dor misturada à areia?
Talvez nasça um fruto no futuro
comum que a raiz contempla
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