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21 de junho de 2016

PAZ COMPLETA



Nei Duclós

Desde o amanhecer me ocupo à toa
enquanto a cidade esquece a pólvora
conto  os minutos entre café e aroma
clima indevassável, todos se fecham

O pão que o fogo verte fica pronto
menos eu, perfil de cara exposta
vida no limite exige o abandono
das obras sem desfecho ou privilégio

Estive no front, joguei-me na reserva
aguardo voz cifrada ou contraordem
se bem que veterano posto fora
seja só número para orçar a guerra

Assino a papelada, moro numa sombra
já se dispersou a explosão da véspera
a aldeia sente medo, mas há trégua
passos sobrevivem poupando fôlego

Espera-se o armistício da paz completa
bravos voltarão a bater na porta
há pouco insumo para um bom discurso
mas basta uma palavra posta à prova

RETORNO - Imagem desta edição: cena de Paths of Glory, de Kubrick.

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