Nei Duclós
Tem vezes que silencio
não por tédio, economia
medo ou oportunismo
mas porque já foi dito
Não é o dom da profecia
que acerta o duro exercício
toda trama de um instante
contém o que se desenha
Não vive só do presente
os eventos deste dia
mas de sombras, voo cego
pássaros que se alimentam
Poesia é o instrumento
que entende melhor à risca
sendo passante, se presta
a revirar o monturo
Se o tempo, deus perverso
revela à tarde o que eu via
na clara manhã de outono
me calo, junto com a brisa
É hábito em veteranos
não engrossar os contentes
nem amargar os vencidos
Somos a casca e o miolo
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