Nei Duclós
Quando canso do ofício
de pesquisar na oficina
recompor o verso bruto
na rede de malha fina
e vejo que foi-se o dia
no cristal que o forno fia
e a lua se põe a postos
inaugurando o sossego
e tenho ainda na frente
mil retoques de aciaria
arco voltaico de urzes
cardos e muito espinho
desisto desse exercício
limpo o suor dos escritos
sonetos fora de uso
estrofes sem poesia
e me vou de volta à casa
onde me escondo convicto
forrando o piso com letras
e o porão cheio de estrias
Sou o artesão do ermo
produzo coisas bizarras
de barro meus cavaleiros
de ferro a flor mais amena
Pois esse é o esforço pleno
contradizer-se no eito
para unir o descomposto
gerar um curto circuito
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