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24 de janeiro de 2016

NA OFICINA



Nei Duclós 

Quando canso do ofício
de pesquisar na oficina
recompor o verso bruto
na rede de malha fina

e vejo que foi-se o dia
no cristal que o forno fia
e a lua se põe a postos
inaugurando o sossego

e tenho ainda na frente
mil retoques de aciaria
arco voltaico de urzes
cardos e muito espinho

desisto desse exercício
limpo o suor dos escritos
sonetos fora de uso
estrofes sem poesia

e me vou de volta à casa
onde me escondo convicto
forrando o piso com letras
e o porão cheio de estrias

Sou o artesão do ermo
produzo coisas bizarras
de barro meus cavaleiros
de ferro a flor mais amena

Pois esse é o esforço pleno
contradizer-se no eito
para unir o descomposto
gerar um curto circuito


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