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22 de dezembro de 2015

MADEIRAS VERDES



Nei Duclós

Poesia é quando não usas as palavras
da primeira fila, as que se acotovelam,
sedentas, a repetir-se com insistência
Nem as que rimam ou as que reforçam
pensamento, como se os pobres miolos
tivessem algo a ver com nossa arte

Você convoca só as que ficam no fundo
e as coloca em lugares improváveis
a provocar fogo em madeiras verdes
acumulando fermento em fornos brandos
Jogue semente onde nada medra, o deserto
é o lugar mais firme para cultivar o verbo

Mesmo que na aparência sejas cobre
e a faísca do talento esteja desatenta
és o ouro que a aventura desenterra
em remotas bateias longe dos holofotes
Não brilhas, sonho oculto, mas o inverno
sabe que não reinará contigo perto


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