Neste curso avançado de filosofia que é o megasite
Consciencia.org, Miguel Lobato Duclós (1978-2015) contribui com seus textos esclarecedores.
Fiel ao cânone, ou seja, rigoroso ao estudar e citar o pensamento clássico, não
deixa também de ousar nas costuras e propor ideias. Pensador contemporâneo, um
filósofo do século 21, Miguel escreve com clareza sobre assuntos pesados. Quem
quiser acompanhá-lo, sairá ganhando, pois no lugar de deitar regras ele
simplesmente trabalha a trilha do pensamento, armado da leitura atenta e a
palavra mais próxima possível do entendimento.
“O MITO DE PROMETEU E EPIMETEU SEGUNDO ÉSQUILO, HESÍODO E
PLATÃO.
por Miguel Duclós
1. Hesíodo e Ésquilo.
O mito de
Prometeu é descrito na literatura clássica principalmente em Hesíodo. Aparece
nas duas obras do poeta, Teogonia e Os trabalhos e os Dias, sendo que na
segunda ele é recontado e complementado.
Afora Hesíodo, outra obra importante, a tragédia Prometeu Acorrentado, é
dedicada a ele. Porém nesta tragédia o mito não está completo, pois começa no
instante em que Hefesto e Cratos castigam o titã, a mando de Zeus pai.
Prometeu, em diversas partes da tragédia, se refere aos motivos que o levaram a
ser acorrentado. A tragédia fazia parte de uma trilogia sobre Prometeu, mas as
outras duas partes se perderam.
Como explica
Junito de Souza Brandão, o nome Prometeu, segundo a etimologia popular, teria
vindo da conjunção das palavras gregas pró (antes) e manthánein (saber, ver).
Ou seja, Prometeu equivaleria a prudente ou previdente. Embora, como afirma
Ésquilo, Prometeu não supusesse o teor do castigo de Zeus ao desafiá-lo, ainda
assim lhe é atribuído um caráter oracular, por ter proferido um vaticínio sobre
a queda de Zeus, o governador. Alguns outros mitógrafos atribuem a teoria desta
previsão a Têmis. A profecia diz que o filho da nereida Tétis e de Zeus
destronaria o pai. Por causa disso, Zeus desiste de seduzir a nereida e se
apressa a lhe dar um esposo mortal, que acabou sendo Peleu. Este cuidado de
Zeus também se verifica quando ele engole a mãe de Atena, Métis (sabedoria,
astúcia) – sua primeira esposa -, para que não nascesse dela um segundo filho
mais poderoso que o pai. Zeus engole Métis ainda grávida, e Atena, deusa da
sabedoria, nasce da cabeça do pai.
Prometeu,
que parece detestar Zeus – como se observa
na tragédia esquiliana pelo desprezo a seu mensageiro Hermes ou quando critica
a arrogância de Zeus e diz abominar os demais deuses – era filho do titã Jápeto e da oceânide Clímene. Apenas em
Ésquilo a mãe de Prometeu é Têmis, a deusa da justiça. Tinha como irmãos Atlas,
Menécio e Epimeteu, sendo que todos eles foram castigados por Zeus. Jápeto era
irmão de Crono (Prometeu era, portanto, primo de Zeus) e de Oceano, que em Ésquilo sai do seu reino
e avança sobre a Terra para tentar dissuadir o sobrinho Prometeu de sua revolta
e dizer a ele que intercederia junto a Zeus, uma prova ferrenha de sua
amizade.” (Miguel Lobato Duclós, continua no link)
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