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27 de fevereiro de 2015

RISCOS LIVRES



Nei Duclós

Não começo o que me impede
antes que o dia amadureça
preciso desse fruto azedo
que se transmuta em açúcar
para poder enfrentar o enredo
de uma lida tacanha, o verbo
impugnado pelo ofício

O melhor do tempo é o disponível
onde cultivas uma outra vida
a que brota suada de teu sonho
e não a pressão desta cegueira
muda, guerra que se alimenta
das ruinas do discurso. Precisas
da alma com outras impurezas

Por exemplo: a beleza que no jardim
assoma junto à tua figura, essência
de uma relação sem medo, persona
atenta ao desejo e que batiza o som
das palavras com riscos livres
a arte misturada ao núcleo do poema
nossa lição de transcendência


RETORNO - Imagem desta edição: obra de Monet.

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