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19 de janeiro de 2015

SERGIO LEONE, SOBRE CINEMA



Nei Duclós

Vejo doc sobre Sergio Leone na TV Cultura e ele diz que o cinema serve para expressar ideias etc. Fico sempre invocado para descobrir onde fica, entre os cineastas, minha abordagem de que todo filme é sobre cinema. De repente Leone começa a falar de Era uma vez na América e diz:
- O título deveria ser Era uma vez uma forma de fazer cinema.
Bingo!

No doc, um crítico lembra que certa vez foi convidado por Leone para conversar sobre seus filmes. O crítico não gostava da falta de relação dos faroestes italianos com a História do Oeste. O jantar foi um fracasso, pois o crítico tentou deitar sabedoria sobre o que ele considerava sua especialidade. Só muito tempo depois descobriu que não havia relação entre os faroestes de Leone e o passado americano. Era fabulas na forma de faroestes. Certamente. Os filmes não são História, são apenas cinema.

Leone conta que Henry Fonda, considerado por ele o maior e mais importante ator do cinema americano, chegou na Italia para filmar Era Uma Vez no Oeste todo amorenado, com grandes costeletas e lentes de contato marrons. Aos poucos Leone foi convencendo Fonda a tirar aquela fantasia do que o ator imaginava ser uma caracterização latina. Queria filmar um vilão impiedoso com os olhos azuis dos mocinhos americanos. Só então caiu a ficha de Fonda.

Sem Charles Chaplin, diz Leone, ele e muitas cineastas nem existiriam. Sempre acabamos passando por ele, diz.

Leone morreu em 1989 de um ataque cardíaco, na véspera de filmar o cerco de Leningrado, projeto que deu um trabalhão danado durante anos. O documentário acaba com a fala de Clint Eastwood em Três Homens em Conflito: "Isso depois que salvei sua vida várias vezes".

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