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26 de janeiro de 2015

CAPA E ESPADA

Nei Duclós

Não fazia parte da turma
tinha asma
ficava de cama enquanto
jogavam o campeonato

Me colocavam de goleiro
que era quase um gandula
alguém da arquibancada
uma testemunha

No baile estavam ocupadas
as principais chances
terno marrom amassado
chupando soda laranja

Na profissão busquei a calandra
aquela máquina enorme
alvo de gargalhadas
batucando com cara de tacho

Na literatura entrei pela janela
as portas estavam fechadas
Errol Flyn, ai de mim
poeta de capa e falsa espada

A única aventura é a interminável
história que me contei em silêncio
quando assumi o papel principal
Vida escrita no meio das balas

Hoje me contento com a lua
quando aparece descalça
sobre as poças da chuva
que molham minha calçada

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