Nei Duclós
Alegria e tristeza fora do teatro. Sem iluminação para criar
clima. Sem olhares para o vazio para atrair atenção. Sem riso estudado de
resultados.
Mas a sinceridade acaba sendo de bastidores, uma performance
perfeita que até parece humana. Criamos personagens à imagem e semelhança de
alguém que desconhecemos, nós mesmos.
Somos colhidos pela tentação da sabedoria, a que não nos
pertence. Traímos o molde e fora dele. Por isso fazemos arte, representação do
que podemos ser, calor na sala alimentado pelo porão.
Morrer é pouco quando a verdadeira maldição é não se ver e
confiar no espelho o que vigiamos desacordados.
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