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26 de junho de 2014

O COMANDANTE ROVÈRE E A JUIZA NADIA



Nei Duclós

Cena magnífica no episódio de ontem da série Boulevard Du Palais, que está no ar há 13 anos, e é transmitida com legendas em português pela TV5, canal 204, da NET (que faz parte do pacote extra de canais estrangeiros por apenas R$ 9,90). O comandante Philippe Rovère, detetive da polícia judiciária, espera seu grande amor oculto e não correspondido, a juiza Nadia Lintz, na saída do hospital.

Rovère, sessentão de capote até os pés e chapéu de feltro desabado, barba por fazer, alcoólatra e traumatizado há anos pela morte de um filho, mas que resolve todos os casos com seu jeito aparentemente ausente e distraído, é visto com agressividade pela juíza que pergunta o que ele estava fazendo ali.

- Me preocupo com você, disse ele, pois sabia que a mãe de Nadia, de 86 anos, acaba de morrer.
- Me deixe só, disse ela.
- Você está sempre sozinha, gritou Rovère, que não admitiu ser excluído daquele momento importante.
- Meu pai era um canalha, diz a juíza, e enriqueceu na guerra. Por isso me separei deles. Agora me deixe em paz.
- Essa foi a vida deles, diz Rovère. E a tua? Te escondes porque te sentes culpada de algo que não te diz respeito. É mais fácil fracassar do que encarar isso de frente.

A juíza pára, com um pequena caixa nas mãos onde estava os objetos deixados pela mãe morta.
- Porque tua mãe não era como querias, isso não impede de amá-la, diz o grande detetive.
E os dois se abraçam. Ela aos prantos. Rovêre não chora.
- Meu pai também já foi. Agora você é minha única família, diz ela.
- Meus pêsames, diz o grandalhão.

Coisa mais maravilhosa. Uma série sem pretensões, clássica em seu esquema de romance policial (série noire de Gallimard : Les Orpailleurs, de Thierry Jonquet, e sua continuação, Moloch), cuida dos detalhes, os personagens bem amarrados com atores competentes (Anne Richard e Jean-François Balmer) e diálogos que fazem chorar as pedras.

Adoro Boulevard Du Palais. Me chamem de comandante Rovère.