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15 de abril de 2014

SUOR DE ECLIPSE



Nei Duclós

A Lua cheia sangra, mancha
vermelha sobre sua testa
avança na noite alta, redoma
de estrelas tensas de mistério

A sombra percorre a esfera
e toma conta do seu voo
a Lua então cai com o peso da cor
adventícia, enviada pela Terra

O Sol se faz de inocente, mas é ele
que manobra o rolo salobro
do eclipse estranho, entorna o caldo
em mecanismos fora de controle

Quase no horizonte, a nova criatura
se apresenta como alguém antes
de um baile, maquiada de desejo
objeto de sua luz reflexa e tonta

Depois some, nos deixando pasmos
com as imagens extraídas
do seu entorno suado por alguma
coisa além do entendimento


RETORNO -  Imagem desta edição: foto de Marga Cendón.