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28 de novembro de 2013
NILTON SANTOS, UM TALENTO DE FIBRA
Nei Duclós
Nilton Santos não dava carrinho, por isso tinha os meniscos intactos. Não repetia jogada, por isso era a Enciclopédia do Futebol. Reconhecia a genialidade dos seus pares, por isso abriu as portas do Botafogo para Mané Garrincha, que tinha sido recusado em outros clubes. Era uma rocha em campo, veterano que dava o exemplo. Sua longevidade foi um recado daquele futebol que assassinaram: ele é o exemplar mais completo do Brasil soberano dentro de campo, que conquistou duas Copas do Mundo com talento e bravura, junto com seus pares.
Tinha o perfil de um atleta sóbrio, dedicado e que buscava a perfeição. Nunca vimos Nilton Santos pagar mico para a indústria do espetáculo que se formou ao redor daqueles escretes sem igual. Ele não dava bandeira. Sua bandeira era o futebol brasileiro, que cumulou de glórias. Por isso foi escolhido o melhor lateral do mundo em todos os tempos. Sinal de que não haverá outro que se aproxime. Ele ocupa a galeria dos homens de fibra do país que foi traído, que com sua grandeza deslumbrou o mundo e encantou populações e reis.
O fato de não ter sido destaque no noticiário de um dia cheio de eventos pontuais, como a final da Copa do Brasil ou a morte dos operários no Itaquerão, diz tudo sobre o que fazemos com a memória. Abrimos mão da glória e a substituímos pelo eterno presente. Mas Nilton Santos sobrevive. Ele sempre virá à tona, como exemplo maior de uma arte que costurou um país e o projetou para a eternidade.