Nei Duclós
Senti falta do poema, tão pontual
no entardecer, na aurora. nada
mais o comove: o pio na árvore
o pingo elástico, a viva carne
Perdeu-se ou sente vergonha
de insistir no verbo sem poder
que se arrasta, verme, talho
discurso a instaurar o escárnio
Prefere esperar, talvez trafegue
fora da margem, no além mar
saltos mortais em teleféricos
Só sei que não vem, se preserva
para quando o amor chegar
batendo lata em vento solar