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15 de julho de 2013

ALÉM DA VISTA



Nei Duclós

Arisca, espia. Pousa quando não vejo. Voa além da vista. Pia quando me sente distraído. Bandida.

A distância não cura, adia.

O coração bate sempre quando te vejo. Pulsa a esmo. Fica sem rumo. Depois me esqueço. Preciso cultivar a sobrevivência.

Deves estar alimentando passarinhos. Evitando me encontrar, amor perdido.

Não me contrarie. Pelo menos hoje, dia de São Nunca.

Basta encostar para saber. O toque revela os arquivos zipados do coração.

Você está tão bonita! Pena que ainda não veio.

Poesia é como visita de domingo: todos se reúnem para se ver fora da semana.

Quando segurei tua mão o mundo caiu sobre nós como os meteoros que ferem de paixão a terra.

Desconhecido, te tirei para dançar. Foi só uma volta no salão. Em forma de anzol.

Não entendo o que vês em mim, disse ele. Costumo não olhar disse ela.

O amor substitui todos os planos. Troca-se o futuro pelo sentimento insano.

Muito viva, você não cai mais na mesma armadilha. Só em outra, pior ainda.

Pássaro que canta insistente na gaiola está pedindo socorro. Ermo da liberdade, o voo.

A liberdade gera as melhores lembranças.

Fecharam a porta da rua. Entrei pelo espelho.