Nei Duclós
Olhei para o céu, não tinha Lua.
Estavas no escuro, nublada de esquecimento.
Sinto você todos os dias. E ainda me
perguntam se estamos juntos.
És amor, e é tudo o que importa.
Palavras que o coração gerou à solta.
Não acertei o verso, mas atingi o
alvo. Gostaste do meu esforço.
Domingo amanhece com o sol no bolso
carregada de nuvem. Lá tem um bilhete para o próximo encontro.
Não tente limitar o meu querer. Sou
o mar que se precipita, flor.
Meia noite. Perca-se comigo.
Você viaja e me faz falta com
barreira.
Meu coração secou novamente. Te
devolvo as sementes do jardim que sonhamos.
Visito o amor transformado em
miragem. Quando chego perto, se esfuma
Tente outro amor para eu rir um
pouco. Não consegues, nem eu.
Pensei em ti quando me esqueceste.
Guardo amor para mais tarde. Quando
houver praças e um outono de aves.
E adianta te chamar? Sempre fora do
circuito. Por isso cultivo frutas adventícias, que custam a pegar no clima
hostil. Para me acostumar ao teu desânimo.
A gula de viver. Acorde-me, pássara.
A Lua Nova me disse. Mas não conto.
Insisto na mesma flor do ano
passado, a que rejeitaste. Eu a recolhi e pus no jarro. Ela resistiu, mas anda
meio ressabiada.
És muito simples, disse ela. Por
necessidade, complicada, disse ele.
Amor cansa. Por isso relaxamos no
sofá do abandono.
RETORNO - Imagem desta edição: Cyd Charisse.