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29 de junho de 2013
ESTADO DE ARTE
Nei Duclós
Minha fuga não tem conserto, te reencontro quando fecho o círculo.
Caprichaste ao vir ao mundo. Mulher em estado de arte.
Não acredite quando dizem que falo coisas sem motivos. Tudo passa pelo crivo do sentimento, meu oficial de Justiça.
Linda, palavra que se esvazia, com exceção da tua imagem, que melhora a cada dia.
Surpreendes o olhar cansado de ler o que estava escrito És um cristal lapidado pela doçura infinita.
A toda hora te clico, estou ficando ridículo. Voarei para outras redes, para escapar do teu visgo. Talvez não seja preciso, pois lá estarás , feminina.
Só assim o dia faz sentido. Quando te mostras inteira, à mercê da poesia.
Sorris enquanto puxas o joelho com tuas mãos que combinam. Quem te ensina ser tão bela, flor de obra tão íntima?
Pare de ser tão bonita. Fico sem saber o que dizer.
Mudaste o foco. Demorei a entender pois o amor é uma espécie de miopia.
O que não amarra é a mentira. Diga o que sinto.
Quando sonhei, queriam que eu despertasse. Quando acordei disseram que estava sonhando.
Gelei com tua frieza. Depois não peça calor, que já não tenho.
Mensagem urgente: sonhei com teu beijo.
Te atiras antes que eu suma. Aparo teu pouso em minha trilha.
Juntinha como coberta de lã, das que não mais se fabricam, vinda de relentos e que se aconchega nesta friagem noturna .
Evito as palavras óbvias, gastas de tanto uso. Mas elas são um vício. Resgato todas do exílio quando, desarmado, falo contigo.
RETORNO - Imagem desta edição: obra de Renoir.