Nei Duclós
Colhes flor enquanto guardo espinhos
Cultivas perdição no ramo que se entrega
pétala que lembra o fim da primavera
roxo coração de sonho, que ainda negas
Te debruças, suada, sobre a faina bruta
arrancar raízes de medonhas urzes
para provar que a beleza poderá um dia
ressuscitar no amor depois da trégua
Colhes flor, árduo trabalho coletivo
safra tardia, estação feita de espera
brigas com pedras na vida ainda úmida
És o alimento desse gesto impuro
nutres solidão, tocaia de conflitos
levante os olhos em minha direção
RETORNO – Imagem desta edição: obra de William Waterhouse.