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14 de dezembro de 2012

POEIRA



Nei Duclós

Descobri o que te agrada. Poderás desmaiar por overdose.

Quisera te desmanchar na festa a dois em que és confeito de doçura enquanto eu possuo a carícia que te transforma em poeira.

É divertida a poesia. É teu play-ground de loucura. Giras, atingindo a nuvem.

Na consistência do bolo, meus dedos tocam teu rosto, desmancham os caramelos, teu olhar é uma cereja.

Somos o que imaginamos. Por mais real que sejam os panos que te definem, é liso o deslizar da mão em teu piso de mármore, com tufos de oásis de água azul de quando em quando.

Meu alvo é o que desencadeias dentro dos fortins invadidos de desejo.

Amor é o que dizemos em agradecimento depois da devastação compartilhada em inacreditáveis momentos.

Ruas só de perfumes, cidades de sombras sob calores intensos, céus de vertigem, praias de beijos. A nação verdadeira é a que sentimos suspirando o sonho.

O corpo sem defesas, os ângulos mais lânguidos, a carregar arquivos com palavras em desuso, como se fossem segredos veteranos tinindo de novos.

O sentimento é quando o coração tem passaporte.

Sou feia, disse a Lua, e foi embora. Voltou mais tarde, como Lua cheia.

Memorize o que digo para chamar o amor que tarda.

- Não quero mais, disse a gazela. Vamos dar um tempo.
- Agora é tarde, disse o urso. Te lambuzei com o último pote de mel do meu acervo.

É só um final da tarde. Espécie de amor que enfim encontra sentido.

Não posso repetir o verso que arrancou teu grito. Preciso disfarçar em outros verbos para que a surpresa se repita.

Realidade é o que nos contraria.


RETORNO - Imagem desta edição: Winona Ryder.