Nei Duclós
Como posso inventar um país da minha janela?
só vejo fios e nuvens
confundidas com fumaça
são coisas diferentes que dão o ar da sua graça
na mente povoada de insetos de assédio grosso
Qual nossa meta nesta altura do campeonato?
quando decidiram o título e nada mais nos resta
nem a peça, a sinfonia, a retreta, até o poema
tudo foi por água abaixo, ou seja, estão com eles
Como interferir no próximo passo, utópico pedaço
da memória pelo avesso, a charada posta em profecia
se eu mesmo nego a força que deveria ter a palavra?
Jogo em território vazio, que foi palco de recessos
e hoje e só um sintoma, rastro de civilizações relapsas
elipses sugadas que buscam ar em superfícies tortas
RETORNO – Imagem desta edição: obra de Gauguin.