Nei
Duclós
Não uso
amor, guardo no sótão
onde
ficou oculto por um século
quando
perguntam digo que o perdi
numa
viagem de trem pelo deserto
Em
tardes mortas, de mornas horas
costumo
subir para auditar o estrago
quero
saber do musgo acumulado
na caixa
que ficou dos seus sapatos
Abro a
tampa e lá está o fogo fátuo
fingindo
dormir, espessa e doce gata
a bater
as patas sobre os olhos sérios
Pula no
teto porque assim me escapa
não
deixa que a toque, amor eterno
espera
que eu decida tirá-la da caverna
RETORNO –
Imagem desta edição: Marilyn Monroe.