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26 de outubro de 2012

ALGUMA COISA ESTÁ ERRADA



Nei Duclós
 
Alguma coisa está errada quando a indignação legítima acaba sempre numa impostura, num vazio gerado dentro da barriga de um monstro.

Alguma coisa está errada num sistema de comunicação que privilegia a estética de bordel e alimenta toda espécie de crime de comportamento.

Alguma coisa está errada quando a cidadania é tratada como sintoma de debilidade mental por cretinos indiferentes.

Alguma coisa está errada numa República que está cheia de Palácios suntuosos nos 3 poderes enquanto cresce o favelamento turístico do país.

Alguma coisa está errada quando políticos gerados pela maré alta da indignação popular viram mafiosos da pior espécie.

Alguma coisa está errada quando condenam as Forças Armadas enquanto escancaram as fronteiras e o subsolo para o vampirismo estrangeiro.

Alguma coisa está errada quando a verdadeira oposição não tem representatividade e está engessada pelos truques da lei.

Alguma coisa está errada quando condenações judiciais não interferem no resultado das eleições.

Alguma coisa está errada quando desmoralizam o mito do entendimento racial e o substituem pela divisão em guetos fundados na cor da pele.

Alguma coisa está errada quando gestos honestos viram manchete.

Alguma coisa está errada quando a Justiça que quer trancafiar quadrilha pretensamente de esquerda é acusada de ser uma quadrilha de direita.

Alguma coisa está errada quando o governo se livra de todos os encargos e paga superfaturamento para qualquer serviço ou obra pública.

Alguma coisa está errada quando os assassinatos cxrescem geometricamente nas vésperras das eleições.

Alguma coisa está errada quando os apagões coincidem com o anúncia de menos impostos para o setor.

Alguma coisa está errada num sistema que o emprego depende do entupimento absurdo de automóveis nas ruas lotadas do país.

Alguma coisa está errada quando pobretões viram latifundiários graças à posse de cargos públicos e nada se faz para acabar com a festa.

Alguma coisa está errada quando um alguém deposto por corrupção é liberado dos crimes e volta na boa aliando-se a seus ex-adversários.


RETORNO – Imagem desta edição: obra de Cassius Coolidge.