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14 de setembro de 2012

TÍMIDA



Nei Duclós
 

Desconfias que seja tudo mentira. Pode até ser. Mas a alternativa são as verdades com ciúme da poesia.

Lês quietinha a poesia. Sinto teu vibrar de chama, tímida.

Quero você para mim. Só que não devolvo.

Quero ajudar a construir uma linguagem tão poderosa que derrube o muro, enfrente o lixo, apague o escuro, vicie o beijo, inaugure o dia.

Não decides o que vejo em ti. Não noto o que me dizes, mas os detalhes que te escapam, jardim de delícia.

Por seres querida, te quero. Não importa se amor ou amiga. Estamos a passeio na alameda, obra dos nossos olhos.

Já vai alto o dia. Acordei com as nuvens, que se dissipam conforme ordena o clima. Agora espero que despertes os pássaros da alegria.

Divida comigo a comunhão de frutas. Sorria entre gomos que se desmancham. Imagino o quanto posso beber desse cálice de sonho, a tua boca.

Tão cedo acordas, cheia de suspiros. É porque sabes como fico alerta quando te aguardo na cabana que o vale da paixão abriga em plena ventania.

Não somos biografias. Mas esse relâmpago de amor entre manhãs de susto.

Quero firmar em você. Vou jogar fora tudo o que me afasta.

Continue o que está fazendo. Comigo não terás surpresa. Continuo celebrando tua beleza.


RETORNO – Imagem desta edição:  Winona Ryder.