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17 de agosto de 2012

QUERO AGORA


Nei Duclós

Ainda não abrimos, disse o anjo. Mas fiquei sem poesia, disse a bela.

É muito cedo. Desse jeito vai bagunçar tudo, disse o sujeito da portaria. Não importa, disse ela. Quero agora.

Ok, vamos distribuir os primeiros versos. Mas cuidado. A poesia precisa de tempo para não esfarelar-se na primeira hora.

O bom é que o poema pode ser criado em todo coração amoroso. Não tem centro essa arte generosa.

Te beijei em todas as línguas. Traduziste dizendo sim.

Voa, meu amor, no céu da tua vontade. Acompanhe a nuvem que te acalma. Suba até o beijo e depois pule no abismo do que somos.

Não sou chegado em saudade. Fechei o portão das partidas. Agora é obrigatório pousar em meu convívio.

É dificil acertar. Só acontece porque permites, e assim mesmo me manténs no escuro. Tua arma é a dúvida.

Há tempos que não nos cruzamos. Na última vez foi difícil desengatar o frêmito. Será que ficamos ressabiados?

Faz tempo que não te dou uns beijos. Não desses de cumprimentos. Mas daqueles...

Pintei eu te amo no granito. Sempre que passo dou um grito.

Repito teu nome até perder as forças. Não é mais saudade, é calamidade.

Você vem à tona quando eu te contava perdida. Trazes uma mensagem no coração de vidro. Quebre o lacre, me dizes, para ler o que está escrito.



RETORNO - Imagem desta edição:  Caterina Murino.