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7 de julho de 2012

BARULHO


Nei Duclós

Sábado frio de julho, a esperança fazendo barulho. Fresta abre a janela sonora, é o vento forçando a conversa.

Está na palavra o que dizes para o cosmo. Não na memória, Tempo de solidão na bruma.

As frases soltas são teus rebanhos sem grife. Tanto tipo de gado, tanto brilho diverso.

O tempo é cíclico e me prende por fios de linho. Vi a saída e tentei fugir, mas os espíritos não permitiram. Aguardo quando se distraírem.

Sem photoshop para atrapalhar, tudo fica melhor. A crua verdade da possível delícia.

O que  devo fazer quando sinto vontade de derrubá-la? perguntou o aprendiz. Tudo o que consente, fala, disse o Mestre.

Toda vez que dá certo eu chuto o balde. Será medo? perguntou o aprendiz. O desamor não quer perder o trono, disse o Mestre.

Ela me chamou mas quando cheguei lá, calou-se. Qual é o jogo? perguntou o aprendiz. É sua vez da entregar-se, disse o Mestre.

Tua mensagem volta. Assustada com a indiferença. Ela se abriga em tua asa. Pulsa, chorosa. Lá ganha força para voar sozinha.

Tua imagem me derruba. Amassado, tento dizer algo, mas me escapa. É quando te aproveitas, com essa expressão de trapaça.

Curava as compras por impulso levando os viciados para a beira do abismo, de onde se descortinam os produtos mais finos.

Se queres tanto, porque apagas o que te fere fundo de vontade e gosto?

Não sei o que dizer quando o vazio se descortina. Então penso em ti, fonte legítima.

A criação é um mistério da natureza. O gatilho do Big Bang não é nada perto da existência da bomba.

Despertas comigo fazendo o café do poema. Pão quente ainda de sono, entusiasmo de menino.


RETORNO – Imagem desta edição:  Ava Gardner.