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15 de junho de 2012

IMPREVISÍVEL

Nei Duclós

Tua graça é presente divino. Da divindade que há nos jarros sóbrios de tanta terra impregnada de luz.
   
As estrelas ocupam porções frias de céu azul escuro, com brilho firme, quase não piscam. Perguntam pela Lua, imprevisível.
   
Nômade, pouse. Gosto de sentir o tremor de tuas asas. Elas emitem uma ultrassom de brisa na penugem.

As sereias avisam que a Lua não está em seus aposentos do horizonte lendo poesia e sim fazendo uma visita de cortesia a Netuno. Num tricô pesado que borra de roxo os corais submersos.
  
O amor sussurrou por um segundo e foi além da conta: todos os pássaros subitamente levantaram vôo no meu coração liberto.
  
 Não te inflo para seres minha, mas para que flutues. Voa, coração de espuma, gerada no mar da poesia.

 Vamos nos concentrar em coisas práticas. Descalce a sandalinha.
   
Fugir para bem longe, lá onde recomeça o longo beijo.

Quisera ficar no sussurro a noite eterna, quando houvesse Lua, no mínimo.
   
Não encontro mais as palavras para recuperar a sintonia. Elas se esgarçam, caem e são recolhidas em pacotes para reciclagem. Ressurgem aos pedaços, em sílabas, que parecem uivos.
   
Na noite especial, um concerto para fagote e oboé em Lua menor.
   
Se fosses feita de areia, eu, mar, te levaria.
 
Levantei velas em direção ao destino: teus olhos.


CARISMA

Abrir teus contatos para alguém e ser descartado na sequência é a exclusão com grife, quando te roubam carisma

Essa nudez profissional entre o doce e o escancaramento, mumificada em photoshop, é pó perto do trabalho de grandes fotógrafos de beldades.
  
O gênio se dissemina entre inúmeros mestres, mas a maioria não é reconhecida devidamente. Fica apenas o cânone fazendo sombra ao resto. Hora de descobertas.
           
Paz na diferença. Fé no talento. Coração mesmo a distância. Melodia no sentimento. Coragem sem violência. Alegria morando dentro. E lá fora as estrelas cada vez mais perto.

Perdi a noção do que falo, pois apenas exerço a hipnose que te prende como o olhar do bicho de tocaia no pântano.

Começa cedo a arte do soneto. Lá pelo século 13, mais ou menos .


RETORNO - Imagem desta edção:  Audrey Hepburn.