Nei Duclós
Teu corpo ficou intacto
O rosto restou sereno
Acompanhamos tua queda
O estrondo encerrou a cena
A paz que Sérgio alimenta
Está presa numa cela
Depois de tamanho crime
Será hediondo esquecê-lo
Todos perdemos altura
Diante do homem presente
A morte já se arrepende
De levá-lo para sempre
Não volta, mas ele vence
O mal que ninguém entende
Sérgio fica na memória
Como passe na fronteira
Não recuou um centímetro
Da sua missão excêntrica
De plantar uma floresta
No desumano deserto
Sérgio cuidou da videira
Condenada a ficar seca
Cortou espinho de cacto
Tirou água da fogueira
Sérgio Vieira de Mello
Quem não recua, se lembra
RETORNO - Um dos 20 poemas do meu Canto Para Sérgio Vieira de Mello.