Nei Duclós
Não tenho bens, pastora, do teu agrado
como dinheiro, nobreza ou propriedade
tudo o que ganhei voltou, foi repartido
entre o grito e o joio, a jóia e o granito
Hoje vivo só, longe do gado e trigo
e do ponto exato do esplendor da carne
amanheço com flor, durmo com nuvens
lavro a saudade com espíritos de barro
Minha única herança faz sentido
acervo do que sinto não se esgarça
ao contrário, cresce na paisagem
É você esse brilho trêmulo no abismo
alma extrema que ao arder, me chama
na borda do infinito que limita a cama
RETORNO – Imagem desta edição: The Love Letter, obra de 1834 de Thomas Sully (1783-1872).