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11 de novembro de 2010
O QUE É PRECONCEITO?
O significado tradicional mostra o preconceito como a velha defesa do privilégio contra a existência e as necessidades dos subalternos. Ou a arma étnica contra a diferença. Ou uma maneira de punir a culpa geográfica, aquela mancha de quem nasce em regiões consideradas endemicamente atrasadas. Mas hoje há um novo uso para a palavra preconceito, escudado nos crimes que ainda se cometem com ele. Trata-se de uma contrafação, inventada para punir adversários políticos.
Hoje, nesse enfoque, o preconceito é o crime imputado de maneira unilateral às pessoas de bem. É maneira de os bandidos que estão no poder vilanizar quem não tem culpa em cartório. Como não podem pegar gente honesta com seus expedientes escrotos, então eles se apropriaram do preconceito, que na mão deles virou um conceito difuso, sob medida para qualquer caso. Como alguém honesto é o maior filha da puta que existe, pois impede que os sacanas ganhem a vida, a solução é tirar o bom caráter do caminho, pois só atrapalha, para que os cofres se abram e os meliantes possam se servir, amparados pela lei.
Preconceito é, portanto, tudo o que impede os pulhas de obterem vantagens e ganhar uns trocados. Se, por exemplo, eu tiver 13 anos de idade e uma editora quiser lançar minha biografia, chamo de preconceituoso quem for contra. O mesmo acontece em relação aos que se insurgem contra quem quer entrar na faculdade fingindo-se de preto, mesmo que tenha a pele mais pálida do que o Batman (sem a máscara). Se você quiser enquadrar os alunos que batem os colegas e ameaçam os professores de morte, ou mesmo os que matam nas escolas, será certamente um cara cheio de preconceito.
Se você, que não é homofóbico, achar um exagero que o dinheiro público cacife as gigantescas celebrações da homossexualidade, sem uma contrapartida da heterossexualidade, e que isso vai tornar a viadagem obrigatória para as próximas gerações, esteja certo: você é um sujeito preconceituoso. Nem tente se opor à possibilidade de transexuais darem conferência sobre troca de sexo para os petizes nas salas de aula, que isso está previsto nos planos dos poderes. Não seja preconceituoso. Também não poderá impedir que alguma sujeita resolva fazer trottoir em frente da sua casa. Ela estará descontando para a aposentadoria, se tudo der certo na legislação prestes a ser aprovada. Sexo como profissão é coisa séria e qualquer coisa o gigolô virá tirar satisfações se você chamar a polícia. Preconceito dá cadeia, cuidado.
Se você condena as pessoas que usam a indústria da Justiça do Trabalho para tungar empregadores fingindo acidentes,estará ferrado. Vão te perseguir até o osso e terás que te explicar direitinho, tintim por tintim e ainda pagar indenização, pedir perdão e qualquer coisa, uns 40 anos de cadeia, já que a prisões não foram feitas para criminosos de crime hediondo, como assassinato, latrocínio, estupro. Existe lei neste país! Ao atentar nesses detalhes, a escravidão é deixado à larga, pois é mais importante encher o saco das pessoas do que tomar uma atitude contra os escravagistas. E para quem chama o outro de cabeça chata, negão, japonês, alemão ou barata descascada, ferro na boneca.
Para escapar da condenação perpétua, os suspeitos de preconceito – todas as pessoas de bem – devem decorar um glossário de correção. Como não se pode mais ouvir ou contar a anedota do papagaio fanho, pois isso é preconceito contra animal em extinção, é melhor proferir a parábola do Louro (epa, louro não), melhor, do Psitaciforme Nasalmente Prejudicado. Melhor não contar anedota e aderir ao stand up, que é a forma mais cool de dar o cu no lugar de fazer rir. Veja como ficam de pezinho com as mãozinhas fazendo graça os apresentadores de TV e alguns jornalistas esportivos, obedecendo ao estilo da moda, que é dizer coisas graciosas sobre coisa nenhuma.
Mas tudo isso é puro preconceito. O esporte está aí e você deve malhar, caminhar e fazer o seu melhor, pois se fizer o seu pior poderá pelhorar, como diziam antigamente no interior, quando havia interior, antes que o país virasse essa merda insuportável, cheio do boçaizinhos cagando regra.
RETORNO - Imagem desta edição: tirei daqui. Cuidado, papagaio fanho, o preconceito vai te pegar.
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