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21 de outubro de 2010
AMOR SEM FUNDO
Nei Duclós
Luz âmbar passa o vitral e fere o vestíbulo vazio, em Veneza
Ficas nua não por sedução, mas por revelação do corpo teso
É tudo o que tens quando desces as vestes sem tocar a tábua
E vibra o foco permitido pelo sono de ser, ao som de sonatas
Teu rosto sob o cabelo enxuto tendo apenas um brinco de jade
Vira-se para ver algo que está além de mim, pois não enxergas
És deusa maior para tão pequeno olhar, meu mesquinho séquito
Criatura que não te pertence nem limita a imitação de estátua
Moves lentamente, como a navegação com um destino tímido,
Toda tua atenção, torcida enquanto lá fora arrulha a maresia
Eu me aproximo porque perdi a noção do estrago e já decidi
Sou o barco que chega no cais molhado de luas de espumas
E toca teu coração apenas com um gesto, do meu sonho em riste
Em direção à boca isenta que desperta, acesa pelo amor sem fundo
RETORNO - Imagem desta edição: obra de Vermeer (detalhe).
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