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13 de setembro de 2009

JOGO DE GIGANTES


Tudo foi superlativo na tarde deste domingo no Gigante da Beira-Rio, o belo estádio do Internacional de Porto Alegre, que recebeu o Cruzeiro de Belo Horizonte para disputar o topo da tabela do campeonato brasileiro (a liderança acabou ficando mesmo com o Palmeiras, que perdeu para o Vitória). A começar pelo resultado, 3 a 2 para os mineiros, cinco gols que quase evoluíram para uma goleada mútua, que é como eu definiria se fosse um empate de 4 a 4, por exemplo, placar mais condizente com o jogo de gente grande disputado depois de uma semana de chuva.

A grande movimentação em campo, a maior parte na lama, sem travamentos nem travessuras, funcionou como se cada conjunto de jogadores ocupasse seus espaços definidos num tabuleiro de xadrez. Não, não quero dizer que foi um embate cerebral cheio de lances pensados, não é isso. Quero dizer que cada time ocupou seu espaço em campo sem que o conjunto de cada 11 jogadores não atropelasse o outro. Foi como um mosaico em preto e branco. Todos tiveram chance de jogar e o que se viu foi um futebol vistoso, sem deixar de ser carregado, às vezes quase bruto, mas jamais violento.

Existem essas contradições bem resolvidas quando tudo dá certo numa peleja. Dois gols de pênaltis, um de cada lado, diz pouco sobre o que vimos. Prefiro destacar o gol de Andrezinho, do Inter, que cobriu a barreira e morreu no cantinho direito do goleiro adversário, seguido de um avanço irresistível do Cruzeiro que desempatou no minuto seguinte. Sim, prefiro chover no molhado e falar de Gilberto, do Cruzeiro, autor de dois gols e que deu um trabalhão danado ao Colorado.

Quando tudo dá certo,o futebol brasileiro desencanta e mostra como estamos refluindo para uma situação confortável depois de décadas vendo nossos talentos irem embora sem dó nem piedade. Vemos Tardelli homenageando Rubinho Barichello ao fazer um golaço para o Atlético Mineiro. Vimos Nilmar, que agora está no futebol alemão, ter feito misérias no gol chileno pelas eliminatórias. E vemos times inteiros, como aconteceu no Beira-Rio, mostrando classe e garra num jogo do início praticamente do segundo turno do campeonato, ou seja, decisivo, como todo jogo quando se contam os pontos corridos para o título, mas nem tanto, pois há muita rodada pela frente.

Jogo de futebol às quatro da tarde de domingo é o clássico dos clássicos. Pois foi assim sempre: só existiam jogos nesse dia da semana nesse horário. Depois inventaram os confrontos depois das novelas, o que é um escândalo, pois milhões de pessoas esperam que o Lima Duarte abrace o Tony Ramos ou o José Mayer grude na Thais Araujo para só depois haver futebol. Nos países civilizados – todos os outros – os horários são normais.

Acho que o futebol brasileiro atravessa grande fase, mostrando amadurecimento e atraindo de volta seus talentos, como aconteceu com Adriano e Ronaldo. Espero que isso vire uma tendência e Nilmar volte, assim como o Ronaldinho Gaúcho, que cansou daquela vida européia, que o sugou e o esvaziou. Ronaldinho precisa voltar ao seu reduto, aos estádios do Brasil soberano, para de novo nos deslumbrar com seu infinito talento. Agora que cruza má fase, é moda esculhambá-lo. Esquecem o que fez, inclusive o de ter nos dado um título mundial. A culpa, claro, só pode ser dele, que vive na balada. Mas ninguém se pergunta porque ele se dispersa desse jeito. A explicação é uma só: Ronaldinho está ermo de Brasil, longe do seu povo, vazio e só. Não, não é ingenuidade. Ele precisa voltar para um grande time brasileiro.

Já pensou? Adriano, os dois Ronaldos, Nilmar e mais toda a plêiade de craques disputando cada pontinho do Brasileirão. É isso que engrandece uma nação pentacampeã do mundo. Um país que está pronto para ir à África do Sul. Lá é esperado de coração na mão pelo povo em festa. Lá, “onde a terra esposa a luz”, como disse um dia Castro Alves. Enquanto isso, veja a arte suprema do Brasil soberano:



RETORNO - 1. Imagem desta edição: tirei daqui. 2. Minha crônica no Donna DC deste domingo, do Diário Catarinense, é Vamos Dançar?. 3. O poeta Sidnei Schneider faz uma edição especial sobre a minha poesia no seu magnífico blog Umbigo do Lago. Obrigado, poeta! 4. Sabe a dívida externa zerada do governo Lula? É mentira. 5. Esta é a edição 1.800 do Diário da Fonte. São 1.800 edições!

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