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5 de janeiro de 2009

GRANDES REVELAÇÕES DO ANO NOVO


Em pleno ciclone extra-plus mix hiper-subtropical, com ventos a 300 quilômetros por hora no alto mar, com rebarbas de uns 112 km/h na praia de Ingleses, onde se situa, a redação do Diário da Fonte recebeu no dia 2 de janeiro de 2009 solene e portentosa visita de dois luminares da inteligência pátria. Eles chegaram num comboio de limusines pretas, acompanhados por extenso e expressivo séquito, onde se destacavam ministros, chanceleres, presidentas de ONGs, capitães do tráfego viário, executivos da área das finanças, entre outras autoridades.

Os visitantes ilustres, cabeças-de-área da comitiva, são: André Falavigna, o cronista maior (atualmente em recesso, já que está preparando, em segredo, sua Enciclopédia Terminal para Leitores Vítimas da Síndrome da Overdose de Imbecilidades) que o editor do DF conhecia apenas virtualmente há uns quatro anos; e José Paulo Lanyi, jornalista, cronista, romancista e celebrado dramaturgo da peça “Quando dorme o vilarejo”, Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos de 2002, encenada em São Paulo recentemente. Foi uma reunião importante e um evento sem igual, com grandes revelações, como relato a seguir.

Primeira revelação: Isolado no ermo, o editor, quando recebe visitas importantes, desencadeia sem querer uma Egotrip Insuportável e deita falação sobre seus feitos curriculares, o que acabou provocando uma onda de justos bocejos na seleta platéia. O expediente para interromper o brusco jorro de asneiras foi falar mal do Corinthians e celebrar o fato de os luminares serem ferrenhos palmeirenses (André) e vascaínos (Lanyi). Mesmo assim, o editor do DF ainda arriscava algumas incursões sobre sua vasta biografia, o que acabou expulsando os convivas para outras dependências das instalações do Diário da Fonte.

Segunda Revelação: O romance “Universo Baldio”, de autoria do editor do DF, foi comprado mas não lido por Falavigna, o que provocou uma ruptura conceitual na reunião. Pois, o objetivo principal da visita era capturar um autógrafo inspirado e, segundo o princípio do carioca Antonio Kleber, que sugerisse profunda amizade do leitor com o autor, o que valorizaria a venda futura do exemplar para os conceituados sebos da praça. Mas a evidência de que o proprietário do livro não tinha passado os olhos no conteúdo encheu-o de dedos e ele “esqueceu” de trazer o dito. Isso foi confessado sem nenhum pejo, de maneira causal, entre olhos marejados de sono e a boca amolecida pelo susto de navegar por duas horas em meio ao ciclone para passar necessidade com a oferta precária de acepipes no evento.

Terceira revelação: Ficou evidente que o exemplar de “Quando dorme o vilarejo”, em destaque na biblioteca gigantesca do DF, ao causar rebuliço no autor, deslumbrado com a posição da obra na estante, tinha sido posto ali de propósito, para impressionar o visitante. É uma meia verdade, pois, mesmo reconhecendo que o momento foi preparado, deve-se dizer que o trabalho é importante e denuncia a omissão diante da tirania, um assunto atual e fartamente abordado por este jornal, o que só recomenda a peça.

Quarta revelação: Os dois exemplares prometidos a André Falavigna do monumental “General Osório e seu tempo”, de José Antonio Severo, não foram entregues porque o editor do DF esqueceu do amigo na hora do reparte. Isso foi dito de maneira casual e cruel, intensificando o desconforto da amizade iniciante, impedindo que ela se desenvolva de maneira coerente e sábia, como deveria acontecer entre dois talentos da brasilidade. Mas isso poderá ser remendado no futuro.

Quinta revelação: André Falavigna reconheceu a existência de um irmão, que foi expulso de casa aos cinco anos por ter sorrido para alguém que sacudia um chaveirinho do Corinthians. Diante do choro convulso da mãe, que não suportou a visão do garotinho indo embora levando sua pequena trouxa de pertences, o pai justificou: “Não chore, é melhor sofrer um pouco agora do que levar, daqui a vinte anos, comida para a cadeia.” É assim que tratam corintianos como eu, campeão da Segundona, time que hoje ostenta sua jóia principal, o Ronaldo Fenômeno. Dêem licença.

Dito o que está acima, cabe ressaltar a emoção com que nós, aqui de Ingleses, recebemos André e sua esposa Viviane, Leandro, José Paulo e sua irmã Jéssica, esposa de Vini, visita que tornou inesquecível este início do ano. Aviso que nas retaliações (as esperadas crônicas dos visitantes sobre o evento) não serão permitidas outras revelações além destas que estão aqui. Não se trata de censura prévia. É medo, mesmo.

RETORNO - Imagem de hoje: pode parecer mais uma manifestação da Egotrip Insuportável, mas não é. Como as fotos do evento ficaram muito escuras, apelei para esta, tirada dias antes. Na rede, reli o livro "Quando dorme o vilarejo", de Lanyi. O momento fez parte da concentração para a importante visita.

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