EXTRA: Este texto, publicado ontem (dia cinco) bem antes da apuração, foi confirmado pelas urnas. Sanchotene Felice deu uma lavada em Uruguaiana, com 61,7% dos votos. Dario venceu em Floripa, mas vai ao segundo turno com Espiridião Amin. Kassab venceu em São Paulo, vai disputar com Martha. Giberto Dimenstein explica na Folha que Kassab cresceu porque fez comparações, na campanha, com a gestão de Martha. Dimenstein é viciado em análises que usam argumentos consensuais na midia. Kassab venceu porque é um prefeito pragmático, visível para a população, que nem presta atenção na campanha. Mas se admitirem isso, como fica a produção de pensamento fundada na importância que a mídia se dá? A seguir, o texto de ontem, mantido como foi escrito:
Acho que os grandes vencedores das eleições de hoje serão os prefeitos mesmo, pragmáticos, prefeitões no sentido exato da palavra. Dario Berger aqui em Floripa, Kassab em São Paulo, Sanchotene Felice em Uruguaiana. De que partidos são? Não importa. As ideologias foram desmoralizadas porque todas fizeram água na hora do vamos ver, de gerenciar o cofre. Enquanto isso, ascendeu um outro tipo de vetor, o de fazer alguma coisa reconhecidamente útil.
Nada a ver com a demagogia do Paulo Maluf, que deixou São Paulo apodrecer enquanto fazia algumas megaobras óbvias para uma cidade daquele tamanho. O que deu a Maluf certa margem (agora kaputt, depois dos flagrantes não resta mais nada para ele) é que os adversários, e até mesmo os aliados, nem isso conseguiram.
Nada a ver com o metrô de Quércia e Fleury ou o Terminal Tietê do Maluf ou os corredores de ônibus de Martha. Mas a política de limpar o visual da cidade de Kassab me parece mais representativa dos novos tempos. Aqui, Dario lajotou servidões (as ruas mínimas e estreitas dos bairros), eliminou o pagamento do transporte nos terminais (que era um plus herdado da administração anterior), fez melhorias em várias regiões (a entrada aqui de Ingleses ficou uma beleza), além do rema-rema, viadutos, asfalto para tudo que é lado etc. Só o funcionamento da fábrica de asfalto e a remodelação da praça Barão do Rio Branco já dão a Felice um bom cacife eleitoral na minha cidade da fronteira.
O Brasil precisa de prefeitos, mais do que qualquer coisa. A defasagem é gigantesca. O próximo presidente do Brasil deve ser um mega-prefeito: estradas de rodagem e de ferro, saneamento básico, energia, transporte público. Cai por terra as campanhas metidas a corretas sob o ponto de vista ideológico, como o candidato que “lutou contra a ditadura” (hoje deve estar milionário com a indenizações), ou que é favor de “trabalhador votando em trabalhador contra burguês”. Esse papo cansou. Todo mundo é trabalhador e milhões de pessoas assumiram seus próprios negócios, são proprietários (burgueses? dá licença).
A vereança procura acompanhar a demanda, mas com vícios herdados. Há uma tendência para o voto distrital, mas ainda crivado de xenofobia. Não vote em quem não é daqui, voto nos daqui, esse tipo de coisa. Tenta-se colocar candidatos identificados com a zona eleitoral. Mas vereador é bem menos visível do que prefeito. Pode atrapalhar uma gestão do executivo municipal, se não houver sintonia. O legislativo precisa acompanhar a tendência e se tornar mais pragmático, menos denuncista à toa, mais atento aos custos e aos investimentos. Abandonar o papo furado e as leis idiotas, as viagens inúteis, as brigas ridículas. Mãos à obra.
Acho que também não pega mais esse troço de dar uma chance ao candidato. Porque ele é filho de pedreiro, pescador ou que sei eu. Não importa a origem de ninguém, importa é para onde se dirigem. Vimos um ex-operário assumir a presidência do Brasil e governar para os banqueiros, subornar a classe C com créditos podres da ditadura financeira global e ameaçar, por vias indiretas, se perpetuar no poder, como essa conversa de terceiro mandato. Então, não importa mais quem foi pobre e comeu pão adormecido na infância. Ou que tenha sido opulento, filho de cacicão. O que vale é urna eletrônica honesta e trabalho. Sem essa de “projetos” ou “propostas”. Todo mundo sabe o que tem a fazer numa cidade.
Acho que os grandes vencedores das eleições de hoje serão os prefeitos mesmo, pragmáticos, prefeitões no sentido exato da palavra. Dario Berger aqui em Floripa, Kassab em São Paulo, Sanchotene Felice em Uruguaiana. De que partidos são? Não importa. As ideologias foram desmoralizadas porque todas fizeram água na hora do vamos ver, de gerenciar o cofre. Enquanto isso, ascendeu um outro tipo de vetor, o de fazer alguma coisa reconhecidamente útil.
Nada a ver com a demagogia do Paulo Maluf, que deixou São Paulo apodrecer enquanto fazia algumas megaobras óbvias para uma cidade daquele tamanho. O que deu a Maluf certa margem (agora kaputt, depois dos flagrantes não resta mais nada para ele) é que os adversários, e até mesmo os aliados, nem isso conseguiram.
Nada a ver com o metrô de Quércia e Fleury ou o Terminal Tietê do Maluf ou os corredores de ônibus de Martha. Mas a política de limpar o visual da cidade de Kassab me parece mais representativa dos novos tempos. Aqui, Dario lajotou servidões (as ruas mínimas e estreitas dos bairros), eliminou o pagamento do transporte nos terminais (que era um plus herdado da administração anterior), fez melhorias em várias regiões (a entrada aqui de Ingleses ficou uma beleza), além do rema-rema, viadutos, asfalto para tudo que é lado etc. Só o funcionamento da fábrica de asfalto e a remodelação da praça Barão do Rio Branco já dão a Felice um bom cacife eleitoral na minha cidade da fronteira.
O Brasil precisa de prefeitos, mais do que qualquer coisa. A defasagem é gigantesca. O próximo presidente do Brasil deve ser um mega-prefeito: estradas de rodagem e de ferro, saneamento básico, energia, transporte público. Cai por terra as campanhas metidas a corretas sob o ponto de vista ideológico, como o candidato que “lutou contra a ditadura” (hoje deve estar milionário com a indenizações), ou que é favor de “trabalhador votando em trabalhador contra burguês”. Esse papo cansou. Todo mundo é trabalhador e milhões de pessoas assumiram seus próprios negócios, são proprietários (burgueses? dá licença).
A vereança procura acompanhar a demanda, mas com vícios herdados. Há uma tendência para o voto distrital, mas ainda crivado de xenofobia. Não vote em quem não é daqui, voto nos daqui, esse tipo de coisa. Tenta-se colocar candidatos identificados com a zona eleitoral. Mas vereador é bem menos visível do que prefeito. Pode atrapalhar uma gestão do executivo municipal, se não houver sintonia. O legislativo precisa acompanhar a tendência e se tornar mais pragmático, menos denuncista à toa, mais atento aos custos e aos investimentos. Abandonar o papo furado e as leis idiotas, as viagens inúteis, as brigas ridículas. Mãos à obra.
Acho que também não pega mais esse troço de dar uma chance ao candidato. Porque ele é filho de pedreiro, pescador ou que sei eu. Não importa a origem de ninguém, importa é para onde se dirigem. Vimos um ex-operário assumir a presidência do Brasil e governar para os banqueiros, subornar a classe C com créditos podres da ditadura financeira global e ameaçar, por vias indiretas, se perpetuar no poder, como essa conversa de terceiro mandato. Então, não importa mais quem foi pobre e comeu pão adormecido na infância. Ou que tenha sido opulento, filho de cacicão. O que vale é urna eletrônica honesta e trabalho. Sem essa de “projetos” ou “propostas”. Todo mundo sabe o que tem a fazer numa cidade.
RETORNO - Imagem de hoje: Paris visto da Torre Eiffel. Foto de Daniel e Carla Duclós, que nos honram com sua visita à ilha da magia.
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