O Brasil fica em vigésimo no ciclismo, Diego Hypólito é eliminado de cara, a seleção de basquete perde para a Coréia na estréia, nosso nadador Tiago Pereira lidera a primeira prova o tempo todo, mas perde na última volta, atletas brasileiros ficam de fora da final da pistola de ar 10 m, judoca tcheco perde e elimina brasileiro Denílson Lourenço, derrota de judoca húngara elimina brasileira Sarah Menezes. Num efeito dominó, vamos caindo para a posição a que estamos acostumados, no chão. Por quê? Porque a super-concentração de renda levou à inanição do povo brasileiro, que não tem competitividade em nada, à falta de políticas públicas para o esporte e ao monopólio da mídia, que é infinitamente mais rica do que todas as modalidades esportivas juntas.
Como nossas empresas se mudaram quase todas para a China, não possuímos mais capital suficiente para sustentar os atletas. Geramos emprego na China, tanto consumindo o lixo que eles produzem quanto instalando nossas indústrias por lá, seduzidos pela mão-de-obra escrava da ditadura de Pequim, modelo para a ditadura brasileira. Somos o que plantamos. Mas isso não passa pelos olhos brilhantes dos jornalistas que fazem a cobertura, tão preocupados em perguntar quem vai dar o “nosso melhor” nas quadras.
Os comerciais entregam todas. Há um sobre a maratona em que os atletas param diante do espetáculo: nos dois lados da avenida onde fazem a competição, só tem agências de um banco. A presença maciça da ditadura financeira sufoca o atletismo, que deveria ser sustentado pelos impostos cobrados do setor produtivo e não pelas migalhas colhidas dos lucros exorbitantes da ciranda monetarista. O sistema perverso nos joga no tatame e somos obrigados a conviver com uma euforia sem limites, em que o presidente acha que “estamos prontos” para sediar uma Olimpíada em 2016. No Rio, naturalmente. Ué, não seria em Brasília?
Vamos imaginar a abertura das Olimpíadas no Brasil. Começa com dez mil mulatas de fio dental rebolando a celulite enquanto dez mil passistas “dizem” com o pé, fazendo aquele sorriso falso do Al Jolson, branco que interpretava negro no alvorecer do cinema falado. As coreografias obedeceriam ao princípio seja-o-que-deus-quiser, cada perna para um lado ou para cima. Fafá de Belém cantaria o Hino Nacional (“Ou-virâm, dô I-pi-rân-ga, as mar-gens plááácidas!”). Como divulgou a Monica Bergamo recentemente na sua página na Ilustrada, o bumbum brasileiro é um hit internacional (não estou inventado, saiu na Folha). Como virou paradigma do país que é o rabo do mundo teríamos , nessa abertura, uma multidão de bundas voltadas para cima com o recado explícito de “mundo, venha nos comer”.
Os fogos seriam terceirizados para uma empresa argentina, que produziria mais fumaça do que cores. A tocha olímpica seria patrocinada por algum banco e o atleta levaria o fogo envolto na logomarca do dito-cujo. O Galvão Bueno ocuparia a tribuna de honra e receberia os cumprimentos dos estadistas estrangeiros. Uma parte do estádio ruiria com o peso da multidão pobre. O eterno presidente Hugo Chávez, com aquele sorriso lombrosiono de dono de cabaré, estaria rodeado de beldades brasileiras de micro-saias. Em vez de só termos atletas brasileiros, nossa delegação abrigaria italianos, russos, venezuelanos, chineses, americanos, todos com dupla nacionalidade.
Seria um estouro. Nunca antes nesse país veríamos coisa igual.
Como nossas empresas se mudaram quase todas para a China, não possuímos mais capital suficiente para sustentar os atletas. Geramos emprego na China, tanto consumindo o lixo que eles produzem quanto instalando nossas indústrias por lá, seduzidos pela mão-de-obra escrava da ditadura de Pequim, modelo para a ditadura brasileira. Somos o que plantamos. Mas isso não passa pelos olhos brilhantes dos jornalistas que fazem a cobertura, tão preocupados em perguntar quem vai dar o “nosso melhor” nas quadras.
Os comerciais entregam todas. Há um sobre a maratona em que os atletas param diante do espetáculo: nos dois lados da avenida onde fazem a competição, só tem agências de um banco. A presença maciça da ditadura financeira sufoca o atletismo, que deveria ser sustentado pelos impostos cobrados do setor produtivo e não pelas migalhas colhidas dos lucros exorbitantes da ciranda monetarista. O sistema perverso nos joga no tatame e somos obrigados a conviver com uma euforia sem limites, em que o presidente acha que “estamos prontos” para sediar uma Olimpíada em 2016. No Rio, naturalmente. Ué, não seria em Brasília?
Vamos imaginar a abertura das Olimpíadas no Brasil. Começa com dez mil mulatas de fio dental rebolando a celulite enquanto dez mil passistas “dizem” com o pé, fazendo aquele sorriso falso do Al Jolson, branco que interpretava negro no alvorecer do cinema falado. As coreografias obedeceriam ao princípio seja-o-que-deus-quiser, cada perna para um lado ou para cima. Fafá de Belém cantaria o Hino Nacional (“Ou-virâm, dô I-pi-rân-ga, as mar-gens plááácidas!”). Como divulgou a Monica Bergamo recentemente na sua página na Ilustrada, o bumbum brasileiro é um hit internacional (não estou inventado, saiu na Folha). Como virou paradigma do país que é o rabo do mundo teríamos , nessa abertura, uma multidão de bundas voltadas para cima com o recado explícito de “mundo, venha nos comer”.
Os fogos seriam terceirizados para uma empresa argentina, que produziria mais fumaça do que cores. A tocha olímpica seria patrocinada por algum banco e o atleta levaria o fogo envolto na logomarca do dito-cujo. O Galvão Bueno ocuparia a tribuna de honra e receberia os cumprimentos dos estadistas estrangeiros. Uma parte do estádio ruiria com o peso da multidão pobre. O eterno presidente Hugo Chávez, com aquele sorriso lombrosiono de dono de cabaré, estaria rodeado de beldades brasileiras de micro-saias. Em vez de só termos atletas brasileiros, nossa delegação abrigaria italianos, russos, venezuelanos, chineses, americanos, todos com dupla nacionalidade.
Seria um estouro. Nunca antes nesse país veríamos coisa igual.
RETORNO - Imagem de hoje: Al Jolson no filme The Jazz Singer.
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