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19 de maio de 2007
A FOTO E OS FATOS
Pontificando com seu rosto largo e sorriso aberto, que sempre foi a marca registrada da sua presença, Mario Medaglia puxa o cordão da equipe original do Jornal de Santa Catarina, lançado em 1971 em Blumenau, e hoje conhecido como Santa e de propriedade da RBS. À direita de Medaglia, que era nosso editor de Esportes, está Sergio Becker, repórter da pesada, e pelo que me lembro, editor do noticiário Nacional e Geral. O segundo à direita é o Diretor de Redação Nestor Fedrizzi, jornalista que fez História ao liderar a imortal Última Hora de Porto Alegre. E na ponta, Cynara Ribeiro, responsável pelo Arquivo e esposa de José Antônio Ribeiro, o Gaguinho, editor-chefe, que aparece como primeiro à esquerda de Medaglia. Na extrema esquerda, eu, redator (clicando na foto você pode ter uma visão mais clara das pessoas e da cena).
Atrás de Fedrizzi está o editor de Arte, Renan Ruiz e, quase sem aparecer, atrás de Sérgio Becker está Virson Holderbaum, também redator. Pelo gesto do rosto quase todo encoberto de Virson, é dele a piada que faz todo mundo rir. As outras pessoas, que não identifico o nome, faziam parte do jornal e trabalhavam em outros departamentos, talvez Oficina e Circulação.
Esta é uma das fotos que resgatei no mergulho que fiz nos meus arquivos em São Paulo. É histórica, pois mostra quase toda a equipe (faltou Reinoldo, o chefe de reportagem) de um jornal que, ao completar 30 anos em 2001, não citou nenhum dos integrantes desta equipe original. Sim, são todos gaúchos. Fedrizzi e Gaguinho não estão mais neste Lado da vida. O registro é impressionante pela sua raridade e por expor por inteiro uma equipe que estava confinada numa cidade desconhecida e entusiasmada em criar um jornal. Estávamos em plena ditadura Médici. Ríamos com o riso claro dos aventureiros, que deixaram a vida confortável de Porto Alegre para enfrentar o desconhecido. Ok, era apenas um jornal regional, mas para nós era um embate sério e difícil. Tínhamos diferenças entre nós, mas o humor era prioridade.
No início, morávamos praticamente todos no mesmo casarão, que chamávamos de mansão, situado ao lado da sede do jornal. A casa era uma extensão da redação. O jornalismo era para valer e ficávamos o dia todo no jornal, pois acumulávamos funções e produzíamos, essa meia dúzia de resistentes, o melhor jornal que poderíamos fazer. É costume dizer "bons tempos". Para mim, são tempos em que semeamos alguma coisa no chão pedregoso da Pátria. Saudades? Não. Mas sim um sentimento de pertencer não apenas às gerações que se atiraram naquela luta, mas a um tempo que não nos deu trégua. Éramos uma porção do jornalismo vocacionado e sério numa fronteira do Brasil profundo.
Quando perguntarem como começou certo jornal no Vale do Itajaí, mostrem esta foto. Ela fala por nós.
RETORNO - Hoje, no programa Educação e Cidadania, às 19 horas, na TVBV - Televisão Barriga Verde, que retransmite aqui a programação da Band, a jornalista e escritora Maria Odete Olsen me entrevista sobre a leitura e suas dificuldades e perspectivas. São cinco minutos televisos de uma conversa que gravei na sexta feira. Quem puder ver, será uma honra.
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