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22 de outubro de 2006
PÃOZINHO MAIS CARO
Lula ganha um milhão de novos votos por dia, dizem as pesquisas, e os jornais repetem a nova grande verdade. Inquestionavelmente será eleito, diz um jornalista. Ou seja, não precisa nem ir na urna, as pesquisas já decidiram. Obedeça. E prepare o bolso. O pãozinho vendido por peso é mais caro: foi o truque de aumentar o preço mudando o parâmetro. E é lei. Se o cara vender o pãozinho a 15 centavos (e às vezes a 12, como acontecia perto de casa), será multado. Talvez preso e fuzilado ao amanhecer. Tinha padaria que tentava vender a 20 centavos cada pãozinho, mas os fregueses sumiam e ele precisava voltar ao patamar antigo. O pãozinho ficou estável até agora, quando descobriram a pólvora.
O pãozinho era o último reduto da alimentação barata. Em feriadão, dezenas de pessoas se comprimiam na padaria com moedinhas na mão, para levar comida para casa. Agora já Elvis. Eles te raspam os trocos. Te batem a carteira, te deixam sem comer. Eles somem na hora de pagar. Eles cobram caro, te sugam, depois te esquecem. O mercantilismo brasileiro é um estupro, alimentado pela publicidade. O marketing fajuto usa lencinho no pescoço e diz que é revolucionário.
SATIE - O Orkut tem boas comunidades, de pessoas eruditas sobre os temas que escolhem. A de Erik Satie, do qual andava esquecido, é ótima. As de Pierre Bourdieu e Michel Foucault, são também excelentes. Participo como ouvinte, sei muito pouco sobre autores e gênios. Onde eu estava? Ah, nas eleições. Blog portoalegrense faz campanha para voto nulo, é o Esgrimista das Palavras (de Leandro Belloc, descoberto por meio do blog de Kellen Moraes). A palavra blog foi apropriada pelo sistema de exclusão política e cultural do Brasil. É grave, pois quando há um consenso dos poderes sobre determinado assunto, nada poderá erradicar ou reverter essa decisão.
TÉDIO - Ante-ontem ( por que usam tanto a execrável expressão dia desses?), alguém se insurgiu contra minha expressão "democracia brasileira", em que eu lamentava o segundo turno. A pessoa disse que toda democracia é assim, veja os Estados Unidos, a França, Alemanha etc. A monotonia e a falsidade ideológica faz parte da verdadeira democracia então. Temos que nos conformar? Mas não é sobre isso que quero falar, mas sim sobre os blogs da grande imprensa, que são apenas coadjuvantes do conteúdo principal, que é pago, só se tem acesso a ele se você pingar no cofrinho das grandes empresas. O blog fica assim um refresco, uma coluninha social de variedades, alguns causos de bastidores e muito, muito marketing pessoal. Não deveria ser assim. O blog deve ser usado para valer, entrar no primeiro time e não ser apenas um coadjuvante, um refresco.
LANÇAMENTO - Vou lançar meu livro de contos e crônicas O Refúgio do Príncipe - Histórias Sopradas pelo Vento (lembram dele?), no dia 3 de novembro, às 17h30min, na Feira do livro de Porto Alegre. É bem no miolo do feriadão. Ou seja, há boas desculpas para não comparecer. Mas se forem, será um prazer, para encontrar as pessoas, conversar. Até agora, a grande imprensa ignorou solenemente o livro. É o de sempre. Somos escritores por direito divino, uma lei não reconhecida pelos que comandam os cadernos culturais. Ei, colegas, o que há? É o terceiro livro que lanço em cinco anos e nenhuma, digo, nenhuma resenha foi publicada na grande imprensa sobre nenhum, insisto, nenhum dos três. Enquanto outros autores, bastam ter três meias linhas numa antologia minimalista para ganharem uma edição especial. O que é preciso fazer? Tocar um tango argentino? Não, tango não. Esse tema causa desconforto. Da última vez que falei em tango, houve uma sucessão de tempestades. Então, tá.
RETORNO - Imagem de hoje: domingo é dia de ir à missa na Catedral de Santana, em Uruguaiana (foto de Anderson Petroceli).
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