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20 de outubro de 2006

A MESMA SÚCIA DE SEMPRE





Há sempre um álibi perfeito para qualquer manipulador da História ou da Política. Basta citar Getúlio Vargas para que tudo faça sentido nas cabeças de minhoca que sentaram em cima da nação. Bolsa família? Getulismo tardio. Promoção do medo como moeda eleitoral? Lembrai-vos de 1937! Baixar as calças para a China, deixando que invada o país com suas porcarias e interfira nas indústrias com as facilidades permitidas pelo governo brasileiro entreguista? É permitido, pois Getúlio teve o desplante de implantar um parque industrial. Dizem que ele interferia na economia. Getúlio inventou a moderna economia, tirando o país da roça. Não interviu, pois não existia parque industrial, criou. É só fazer tudo ao contrário e, na hora do voto, se precisar, elogiar o grande presidente. Porque essa sobrevivência do horror a Getúlio? Porque 1964 foi dado contra sua a herança política. Como 1964 continua em vigor, é preciso fazer a manutenção e isso está a cargo de todos os pretensos formadores de opinião. Nenhum deles defende, todos atacam. Porque é o consenso da ditadura a qual servem.

NACIONALISMO - Um erro básico e recorrente é achar que a ditadura atual é fruto do que diziam ser ditadura na época getulista. É exatamente o contrário. O Estado Novo zerou a dívida externa, consolidou as leis trabalhistas, elevou o salário dos trabalhadores a um patamar europeu, manteve, em defesa dos interesses do país, uma política de independência em relação às potencias em guerra, lutou de armas na mão contra o fascismo e não matou as personalidades que prendeu. Graciliano Ramos, Luis Carlos Prestes, Monteiro Lobato, Pagu, todos saíram vivos da prisão. Olga, que participou de um golpe de estado, por ser alemã foi devolvida à sua terra, conforme ditavam os acordos da época, antes de ser desencadeada a guerra. O Estado Novo foi um golpe de estado do Exército nacionalista contra a ameaça nazista, que tinha grande influência nas Forças Armadas. Sem Estado Novo, nos alinharíamos com Hitler, como aconteceu com a Argentina. Foi um período de exceção numa época de exceção, conflagrada pelo grande conflito mundial. Não foi, portanto, a semente da sacanagem de 64.

INTEGRALISMO - A sacanagem que está aí foi dada para evitar que Getúlio continuasse influenciando o Brasil. Vivem enchendo o saco com o culto à personalidade do chefe do Estado Novo. Esquecem que a iconografia nazista e fascista, a ideologia totalitária européia, exercia grande fascínio no Brasil. Uma vez vi uma centena de fotos de uma visita de Plínio Salgado a Blumenau. São impressionantes. Milhares de pessoas uniformizadas faziam a saudação nazista. Costumam misturar Getúlio com integralismo, mas o presidente do Brasil Soberano foi atacado pelos integralistas, que cercaram e tirotearam o Palácio do Catete. Para contrapor essa influência gigantesca das potências da direita, Getulio criou a mitologia nacionalista do Estado Novo, que nos deu grandes obras, a começar por Aquarela do Brasil, nosso hino nacional informal, até hoje amado por todos. Estou justificando o Estado Novo? Não, estou colocando dados que ninguém jamais coloca. Não é costume pensar o Estado Novo estudando direito a época a qual pertence. Só querem usar o regime para justificar a bandalheira de hoje. Veja como somos democratas e anti-getulistas. Votamos para presidente e temos Congresso! Dá licença que vou vomitar. Votamos útil (de cabresto) para todos os cargos, pré-ocupados pela súcia de sempre. O Congresso é o resultado dessa situação.

POÇO - É chato insistir nesses assuntos? É. Mas precisa ser dito. Os caras, todo dia, atacam o Brasil Soberano. Adoram a merda que inventaram. Nela estamos afundados. Mas sairemos, um dia.

RETORNO - Imagem de hoje: em 1935, em pleno governo legítimo eleito por uma Assembléia Constituinte, a direita promovia manifestações de massa como esta, dos integralistas, em Blumenau. Uma vez vi todas as fotos do evento, mas não ficaram comigo. Agora encontrei alguma coisa na internet. Impressionante. Contra o fascismo e o nazismo foi dado o golpe do Estado Novo e não o contrário. Mas a súcia mistura tudo.

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