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22 de setembro de 2005

OMBRO, ARMAS



O que há por trás da campanha do desarmamento? Desarme-se, que a violência vai diminuir. Não é o que os analistas dizem. Historicamente, o ato desarmar a população foi seguido de massacres. Por trás da campanha há o deputado Greenhalgh, paladino dos direitos humanos, advogado de algumas indenizações bem fornidas por conta dos sofrimentos da época da ditadura militar, e que foi acusado pelo irmão do prefeito assassinado de Santo André como um dos responsáveis do acobertamento das verdadeiras intenções do crime (que seria vingança gerada pelo desacerto entre os corruptores locais). Votarei 1 no dia 23 de outubro, NÃO ao desarmamento. Não gosto de armas, não tenho nenhuma em casa e nem nunca tive, a não ser na infância, por meu pai ser caçador e também porque andava sempre acompanhado do seu inseparável calibre 32. Era um homem respeitado. Cerca de 68% dos criminosos pesquisados num levantamento confessam que sentem medo de entrar nas casas exatamente pela possível presença de armas. Com a campanha, as porcarias de metal e chumbo ficarão apenas nas mãos da bandidagem e da polícia, instituição que mostra agora suas deficiências, especialmente no caso do roubo dos mais de dois milhões de reais nas próprias dependências. As pessoas honestas que querem ter uma arma devem dispor desse direito. Esse governo, com essa campanha, e com a entrega do país aos estrangeiros, o prometido desvio das águas do São Francisco, a proliferação anunciada das centrais nucleares, é muito perigoso. Precisa cair, para que possamos sobreviver.

BAIXARIA - O programa de auditório de Jô Soares com o apoio de jornalistas da grande imprensa é a representação da consciência nacional. Tudo no Brasil é uma contrafação. No programa, faz-se um carnaval com a falta de informação, além da pressão exercida não sobre os poderosos, mas de pobres coitados como o dono do restaurante da Câmara. Nas CPIs, a falta de preparo das pessoas que deveriam inquirir os suspeitos acaba virando pancadaria. Falta sobriedade às pessoas que exercem cargos públicos, em sua maioria. Daniel Dantas, apoiado pelo habeas corpus preventivo, disse o que quis e manteve a calma, enquanto os representantes do povo se engalfinhavam em baixarias. Enquanto isso, nova safra de musiquinhas (como diz o Casseta e Planeta) começa a assombrar a televisão. A crise precisa de pesquisa séria e o blog do Noblat é o melhor exemplo, não só pelo que ele posta, mas também pelos comentários, excelentes, em que leitores e leitoras dão valiosa contribuição à pauta. A internet está dando de dez na mídia impressa e é fonte generosa de denúncias e informações sobre os bastidores. Mas acho tudo isso um saco.

INOCÊNCIA - Chega a primavera chuvosa e nós aqui na ilha já estamos com fungos na carne esbranquiçada pela interminável chuva. O frio vai e volta e nos fustiga roupas e cabeças. De vez em quando abre um sol de mormaço. O clima não dá folga e os furacões ameaçam com a força dos ventos e as águas desatadas. Pessimismo? Pode ser. Na capa da Carta Capital, Stedile diz que a pátria adormecida vai despertar. A metáfora berço esplêndido, belíssima, é fonte inesgotável de equívocos. A nação é composta de pessoas escaldadas, que sofreram por gerações. A prudência e a desconfiança são fruto da árdua luta pela sobrevivência. Há também consciência de que ninguém é inocente e, portanto, a solução é muito mais complicada do que se colocar como paradigma de virtudes - vimos já o que isso deu. Militantes considerados autênticos, do PT, vêm à tona para suas análises fajutas. São também culpados. Instauram-se como intocáveis, como depositários de todas as posições politicamente corretas. Com isso deram grande margem de manobra para as quadrilhas, que roubaram em seu nome. Nada está provado, diz José Dirceu. Como não? E a avalanche de documentos e provas que estão nas mãos das CPIs? Os que precisam ser cassados nem sequer foram ainda notificados. Não foram encontrados, dizem os parlamentares que deveriam zelar pelo inquérito. Só o Jefferson será punido?

ESSÊNCIA - Pois bem, lucupletem-se. Eu faço parte da população ordeira, calada, sofrida, que palmilha cada metro do território na luta pela sobrevivência. Estamos despertos, sr. Stedile. Não é o sr. com suas táticas complicadas que vai nos conscientizar. Nem vai ser a direita, com suas musiquinhas. O buraco é mais em cima. Lá onde mora a essência do Brasil soberano, uma luz brilha, a da nossa vontade de fazer do Brasil uma terra de paz, abençoada, onde há para todo o mundo. Queremos viver, srs. abutres. Quando ficarão à altura do que realmente somos?

RETORNO - A melhor notícia é que Maria Rita vem aí com seu segundo CD. Mal posso esperar.

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