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6 de agosto de 2005

A REDE NOS DESAFIA




Internet é para profissionais e amadores. Tem para todos. A infinita oferta de opções gera uma infinidade de análises. A principal delas é a vilanização da Internet, que assume vários rostos: a de que serve para criminosos, para pedófilos, hackers, mentirosos, além de tomar tempo demasiado, que deveria ser dedicado a outras atividades mais nobres, como lutar capoeira e preservar tartarugas. Serviria também para destruir a língua portuguesa e criar nichos comunitários fechados, infensos à dura realidade. Chegou a vez também dos blogs, decisivos na atual crise política, que estão deixando a imprensa tradicional apreensiva pelo sucesso que fazem.

TALENTO- Os jornais despencarão ainda mais se não tomarem uma atitude. E a atitude é uma só: tragam de novo o talento para dentro das redações. E democratizem o espaço impresso, tirando-o dos monopólios das figurinhas carimbadas. Devolvam ao repórter seu direito a um estilo. Apostem no repórter fuçador e permitam que tenha liberdade, principalmente na pauta. Pois a praga maior da imprensa é a pauta rotativa. Na TV, chegou a hora de parar de editar sacanamente os fatos. A TV Senado on line acaba com a pretensão de manipular o noticiário, mas isso continua existindo. Esse expediente acaba com a credibilidade e joga cada vez mais gente na rede, todos sedentos de informação de verdade. Mas a rede é complexa e encerra armadilhas. Prefiro olhar o tema do lado de cá do balcão, pela parte que me toca. Sou veterano na rede, graças aos filhos que são meus mestres nessa área. Uso o blog como ferramenta, mídia de outro veículo, que considero tradicional, o Diário da Fonte, um jornal solo de opinião e literatura.

CAOS - Vejo a Internet como o caos primordial criador de uma nova cultura, mais complexa e inclusiva. Um velho problema que sempre me atormentou, o da gaveta, sumiu. Todo meu trabalho está na rede. Não querem me publicar? Paciência. Ocupo meu espaço, que divido com muita gente (em número cada vez menor, se for confirmada a tendência de queda de visitas deste mês). No início, comecei com uma pauta geral, falando de tudo. Depois, por sugestão de Zélia Leal, amiga e professora da UNB, falava apenas de jornalismo. Esse tema se esgotou em parte (pelo menos para um post diário) e voltei à diversidade. Qual o caminho? Desovar o que vai pela mente, processando a demanda que recebo num texto autoral. Todos precisam ter seu espaço de livre expressão. Consulto diariamente os links ao lado, de onde tiro meus principais insumos. Na crise política, tenho lido o Último Segundo e o blog do Noblat, que não exigem login e senha, essa obrigação terrível inviável. Como podemos memorizar dezenas de senhas? E se usarmos uma só, será seguro? É um transtorno, só justificável quando for preciso opinar em site ou blog alheio, assim mesmo com exceções (com o é o caso deste Outubro). A participação pública exige responsabilidade e deve evitar a ofensa pessoal. As facilidades da rede liberaram os baixos instintos e fala-se o que quer em todo lugar. É um exercício de liberdade identificar-se e levar o Outro em consideração, esteja ele certo ou não.

JABUTI - Saiu a enorme lista do Prêmio Jabuti, com dez finalistas para inúmeras categorias. No romance, temos pessoas talentosas e admiráveis como Salim Miguel (seu Mare Nostrum é meu candidato) e nos contos e crônicas, Domingos Pellegrini e Roniwalter Jatobá, dois veteranos da minha geração que enfrentam esse ofício com determinação e coragem. Na poesia, os clássicos Dora Ferreira da Silva e Manoel de Barros e o agitador inesquecível Waly Salomão. Na literatura juvenil, meu ex-colega de faculdade e escritor excelente e aplicado, meu amigo Sergio Caparelli, que hoje está na China e é autor de dezenas de livros de uma obra festejada. Na Teoria Critica/Literária, o obrigatório Mario Faustino. Na reportagem e biografia, apesar dde Zeca Camargo e suas viagens fantásticas constar na lista, há o jornalista Mauricio Dias, com quem trabalhei na Senhor de Mino Carta, e José Ramos Tinhorão, polemista sempre na contracorrente. Octavio Ianni e Aziz Ab'saber pontificam nas Ciências Humanas. Com A Ignorância Custa Um Mundo, de Gustavo Ioschpe, a Editora Francis (ex-W11) concorre na categoria Educação, Psicologia E Psicanálise. Torço por todos esses autores.

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