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16 de agosto de 2004
O HERÓI AGONIZA DIANTE DO MUNDO
Quando a bomba explodiu no prédio da ONU no dia 19 de agosto de 2003, estava vendo a CNN. Segui então cada passo da agonia do mais brilhante diplomata brasileiro, Sérgio Vieira de Mello, que ainda sofreu por cinco horas até o desenlace. Durante todo o tempo de seu velório por três continentes e seu enterro em Genebra escrevi uma série de poemas. Coloquei na poesia o que significava aquela vida, que surgiu de repente no imaginário nacional e que tinha vindo de longe, das raízes do Brasil soberano e que se mostrava ao mundo em toda a sua integridade e entusiasmo. Nesta Semana Sérgio Vieira de Mello, vou publicar aqui, até o dia 19 de agosto, alguns desses poemas de inspiração lorquiana, mas com luz própria, gerada por um país que se redescobre.
A VIDA PERGUNTA ÁGUA
Nei Duclós
A vida pergunta água
a dor responde fuligem
O cal endurece as mãos
Num corredor de gatilhos
Todo espelho se quebra
ninguém é reconhecido
O Mal não suporta a sombra
que lhe faz o seu carisma
A ligação cai no colo
O poema lança o grito
Se a fala esqueceu a boca
nossas artérias se abriram
A morte pergunta fogo
Nós respondemos abrigo
Um teto bem mais acima
Dos pés que jamais fugiram
Que não desabe a parede
Nas costas desse conflito
A vida pergunta Sérgio
Todos respondem perigo
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