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5 de março de 2004

UM JORNALISTA OBRIGATÓRIO


A Carta Capital que hoje chegou nas bancas traz doze páginas sobre o mais importante jornalista investigativo do mundo, Greg Palast, autor do livro “A melhor democracia que o dinheiro pode comprar”. A bela matéria é de Mauricio Stycer e no editorial, Mino Carta faz uma comparação entre o trabalho de Palast e o da revista. A edição é da W11 Editores e deu um trabalhão danado colocar na gráfica esta cravada da editora que também é responsável pelos livros do Michael Moore no Brasil. Um trabalho da brava e aguerrida equipe da W11, da qual faço parte atualmente como Editor Executivo, e que é comanda por Wagner Carelli.

PARA TODOS – Jornalistas, professores e estudantes precisam conhecer a postura, os métodos, a coragem, a eficiência de Greg Palast (que é boicotado nos Estados Unidos e mora em Londres, onde suas reportagens são sempre premiadas) , que desmascara o processo de privatização das estatais no Brasil nos anos 90, denuncia a cama-de-gato das últimas eleições presidenciais americanas, entre muitas outras coisas, que estão destacadas na revista. Cabe aqui chamar a atenção para esta reportagem (que está acompanhada do capítulo brasileiro, que é inédito nas edições americana e inglesa). Uma aula de jornalismo que precisa ser debatida nas redações e nas universidades e colégios de todo o país. Não se trata de fazer a mera divulgação de um produto, mas de linkar o assunto principal do Diário da Fonte – jornalismo e todos os seus desdobramentos – com esse livro-bomba. Greg não esconde suas posições sobre o papel do jornalista: “A primeira missão de um repórter é maltratar os que estão no poder”. O livro chega nas livrarias no próximo dia 15 deste mês de março.

GERALDINE PAGE - A atriz maior decide marcar para sempre sua trajetória com uma interpetação magistral em Trip to Bountifull, que passou na madrugada na Film and Arts (TVA), quando os programadores sabem que as pessoas, cansadas de perseguir algo que preste, desistem e vão dormir. É o horário escolhido para transmitir Geraldine nessa que é talvez a maior prerformance dramática do cinema, confirmando o que foi dito aqui depois da noite do Oscar (ela ganhou o prêmio em 1985 com esse filme), de que o cinema é mulher (Greta Garbo inventou aquele rosto, Elizabeth Taylor é absolutamente genial em Quem tem medo de Virginia Wolf, não haveria cinema romântico se não fosse Audrey Hepburn). Ela interpreta uma mulher que serve de empregada para seu filho e nora e decide fazer uma viagem ao lugar onde nasceu e se criou, sem pedir licença e praticamente sem dinheiro. Geraldine despenca no drama, e o que é mais tocante é que sua personagem está sempre se superando, em força física e determinação. Ela exibe o rosto entre o desespero e o alívio, o corpo que se arrasta e anda depressa, a lágrima que sai sem jamais exibir sentimentalismo, mas emoção verdadeira, profunda, que revela frustração e revolta, sabedoria e esperança, derrota e grandeza. Nada comparável a qualquer outro trabalho no cinema.
Quando Geraldine Page entra em cena, todo mundo deveria começar a tremer.

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