Nei Duclós
Faz tempo
Eu era magro e tinha todos os dentes
Mas não dava importância
Eu queria viver o que diziam no rádio
Os jogos nos estádios
As manifestações
Os espetáculos as viagens
Achava tudo natural
A toda hora saía para a rua
Pegava um ônibus
Viajava de carona
Eu era contemporâneo das nuvens
Morava no imaginário das grandes paisagens
Percorria o país dos crepúsculos
Parceiro da lua, amante da poesia
Andava aos andrajos e sentava no chão da sala
Eu era insuportável
Como um pássaro migrante que voava aos bandos
Pelo mundo impenetrável daquele tempo
Nunca tive dinheiro
Nunca me faltou um poema
Nei Duclós
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