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4 de dezembro de 2020

DOUTORA

Nei Duclós 


Jogas água fria com medo da fervura

Minha tocaia no miolo da curva

Foges assim do que será um dia 

Tu em meus braços a pedir clemência 


Achas que podes desfazer costuras

O fio que nos une é de boa procedência 

O amor destruirá tua teimosia

Teu álibi perfeito, o de ser jurista


As leis não te protegem, beldade no ofício

Não cubra o inevitável com tua pose de doutora

Já entrei em teu caminho, sacerdotisa 

Subo na carruagem enquanto dás gritinhos


Sou o monstro que invocas em teu êxtase

Chega de disfarces, pilha de ternura 



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