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3 de setembro de 2020

ALÍVIO

 

Nei Duclós

 

Não sei a quem amar e a que horas

O corpo está vazio, copo da aurora

Onde verte o mel no dia frio

 

Palavra que não há

jogo de esgrima

Para estocar o fel

E a purpurina

Mistura de abandono e rima pobre

É só a sóbria solidão do cabra

Armado de facão e ordem escrita

Por um escrivão cego e convicto

A cumprir pena por não fazer sentido

 

Não sei se me perdi

Ou se estou vivo

O fogo roubado em Prometeu

É meu alívio

E aguardo a ave de Afrodite

Comer-me o fígado

 


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