Nei Duclós
O amor não cria raiz no vento
No que passa e não deixa rastro
Mas na terra adubada pelo tempo
A palavra que fica e dá sustento
O amor apaga a ilusão da balada
A festa provisória e seu remorso
E gera a planta que em teimosa pedra
Se alimenta
Não fale em nome do amor como confidente
Me dizem quando espalho no poema
Esse visgo em visita à eternidade
Posso falar mesmo sem decreto
Porque sobrevivi e estou desperto
Acho água no coração deserto
Navego onde falta mar e não há velas
Só o leme desta lucidez amarga
A seguir o sonho de existir para sempre
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